quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Simone

As mulheres são seres fascinantes, embora difíceis de serem entendidas pelos homens. Vede Simone, esse típico exemplar feminino.

+ + +

Acordou gorda, sem a menor paciência. A cólica, companheira do mau sono, transformou-se na rubra conseqüência das regras femininas, mas ainda mostrava o peso da natureza sob o corpo no pijama aflanelado. O busto, de inveja a qualquer gostosa que o mercado venda na televisão, já não era mais tão protuberante, embora ainda estivesse hormonalmente alterado. O abdômen, dilatado, marcava no vestido, marcava na blusinha, marcava sobre o cós da calça. A pele estava crivada de purulências juvenis, mesmo já contando um quarto de século de vida. Era meio do mês, precisava colocar os sapatos, vestir-se elegantemente e sair para mais um dia de trabalho, apesar da menorragia, da cólica, das espinhas, da falta de paciência, da sexta-feira de meio do mês e do mau tempo que se desenhava no céu de outono. Tinha de fazer tudo e mais um pouco, mas não estava lá tão contente.

Levantou-se. Banhou o corpo desnudo, comeu qualquer coisa (talvez, um biscoito amanhecido com um copo de leite morno), reclamou da prisão de ventre habitual. Foi à frente do espelho: ei-la, não como a viam, mas como ela se via; ali, não era Simone Amélia do Couto, era a Si, era uma gorda chata, que não ia aos pés há uma semana e que só queria estar de bem com o seu dia. Não interessava quem fosse, que profissão seguia ou quanto tinha na carteira naquele dia; não interessava se a calça foi comprada em uma grife francesa ou com um ambulante daqueles que vendem no meio da rua; não interessava seu endereço, telefone, CPF, nada. Só estava de saco cheio com a vida. E chorou.

Chorou por ser mulher, por estar gorda, pelas espinhas na testa, chorou porque quis chorar.

E saiu. Acabou o choro, acabou a tristeza, acabaram-se as lamúrias. Foi ao seu dia. Não foi consolada, não foi alentada, não foi afagada em seus cabelos, mas saiu bem, assim ela cria. E estava bem, mesmo.

Não estava triste. Só quis por para fora. Pôs. Acabou. E saiu.

+ + +

Se posso dar um conselho aos homens, digo isso: não tentes entender a mulher à tua volta, apenas ama-a com toda a estima que merece. Não precisamos entender as borboletas para apreciarmos sua beleza; é melhor amá-las sem as entender do que, ao entendê-las, não mais amá-las. Deixa assim...!

Abraço, bom dia e boa sorte!

Um comentário:

Lúcia disse...

É melhor se conformarem mesmo, só uma mulher consegue entender outra!
Pensei q vc ia postar 'aquela' música da Simone, kkkkkkkk
Dá uma olhada nisso: http://mulheresimpossiveis.wordpress.com/2008/11/19/ento-nataaaaaaa-simone-dorme-e-morre/
Bjs