quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Malícia da vítima ou bondade do bandido?

A presença de espírito do taxista Waldemar Erani Cereça, 59 anos, salvou sua vida, ontem à tarde, quando era refém de dois assaltantes, que tomaram o seu táxi, em Porto Alegre. Após ficar uma hora e meia em poder dos criminosos, o taxista se livrou da dupla ao simular um ataque cardíaco, o que sensibilizou os bandidos. Eles deixaram o taxista na porta do Hospital Cristo Redentor e fugiram no carro da vítima, um Siena.

(tirado daqui)

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Não sei mais em que pensar! A vítima fez a maldade de enganar os sequestradores, que, por sua vez, foram caridosos a ponto de deixar seu coagido junto a atendimento médico. Isso é um quase "com licença, estou levando o seu carro". É, o mundo tá virado, mesmo. Ao menos, os badidos conhecem bem "a dignidade devida a todos os membros da família humana", como proclama a Declaração Universal dos Direitos Humanos...!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Honrando a quem merece

Hoje, por hábito e norma, é Dia do Professor aqui na Pátria-Mãe. Cabe, pois bem, lembrar daqueles que nos deram um pouco de si, exercendo seu ofício com a obsessão da qualidade e a ternura da humanidade, e lhes devotar a gratidão e o reconhecimento pela relevância dos seus serviços.

Não são poucos os professores em quem reconheci (e, em alguns, ainda reconheço) bons parceiros de caminhada: Izélia, Lúcia, Sirlei, Cléris, Denise, Ana Lúcia, Paulo e Flávio foram os que me deram o gosto pelos números; Fernando, Odone, Sandra e Teresa, pelas letras; Carla, Maria Angélica, José Leandro, Odeli, Miguel e Idílio, pela ciências; e Zerlei, Jussara, Cleusa, Carmem Júlia, Silvino, Ricardo, Alexandra e Mara, pela inquietação que me causaram para descobrir quem é, reealmente, o homem. Todos esses compuseram fundalmentalmente minha vida estudantil, permitindo que eu me enveredasse pelos caminhos da ética e da técnica.

Hoje, rememorando meus professores, vejo-lhes quão grande esforço desempenharam para que tocassem suas inúmeras turmas de inúmeros alunos. Para alguns deles, sou apenas uma estatística; mesmo assim, não muda minha estima por eles, pelo ensino que me confiaram. Para outros, sou uma boa memória e uma companhia dos tempos; a esses, minha consideração se redobra e se põe nos níveis mais altos que eu possa colocar.

Às portas da Academia, convivi com nomes brilhantes, dos quais convém destacar Ricardo Timm de Souza, Pergentino Stefano Pivatto, Cláudio José de Oliveira, Ronaldo Villa Laux, Juliana Leite Ribeiro do Vale, Felipe Camilo Dall'Alba, Milton José Cardoso, Airton José Sott (meu primeiro orientador), Gilberto Shaffer, Maristela Alves, Maria Izabel Cantalice, Antônio Prestes do Nascimento e Renato Selayaram - esse último, um fraterno parceiro diante de toda a caminhada. Como não lhes seguir os passos, como não se assemelhar, ainda que involuntariamente, a cada um deles?

Mesmo entre todos esses nomes (e talvez haja outros que eu tenha deixado passar, ao que peço sincera desculpa), há um nome que não posso deixar de lembrar com certo destaque: Profª Tânia Argimon, minha primeira professora, ainda no Mesozoico (agora sem acento - coisas da Reforma), quando eu era um gurizinho (nas palavras do meu pai).

Apesar de toda a correria (e do material de Economia on the table sobrestando qualquer urgência), parei meu dia para lembrar da mulher que, com perícia invulgar, conseguia fazer seus pupilos cantarem, lerem, contarem e pesquisarem (lembro-me em detalhes como empregamos o método científico para conhecer a cana-de-açúcar, e isso com seis anos!).

Saí sob chuva fina, daquelas que sói por essa época (estava exatamente assim no ano passado, eu me lembro bem); aproveitando o ensejo, deixei paletós para lavar e óculos para aviar novas lentes. Cheguei na floricultura, comprei um buquê pequeno de flores-do-campo (bem miúdas e coloridas, dessas que toda criança gosta) e lhe enderecei um cartão que escrevera em casa, com a mesma caligrafia diminuta e feita com lapiseira de ponta fina, hábito que nunca perdi. Mandei-lhe também uma pequena fotografia, com dois Samis (o que ela conheceu e o que o tempo e ela moldaram). Meio constrangido sob o olhar da florista, depositei tudo ali e instei que para que entregasse à tarde no educandário em que ela leciona, sabedor de que lá estará.

(em algum momento da existência, já fui bonitinho)

A despeito da timidez, voltei para apor, no reverso da lembrança, os meus contatos, coisa que passou despercebida quando lhe dediquei o mimo. Anotei também o endereço desse meu canto, num lampejo incontinente e indecifrável para mim mesmo. Azar do goleiro, e, como Pilatos, deixei quedar o que já estava registrado.

Se ela vai lembrar de mim como o devorador de livros, ou como o que não conseguia anotar tudo com presteza (e ainda não consigo), ou como o representante da classe, ou como aquele que não quis sair na passeata pelo impeachment do então Presidente Collor por objeção de consciência (sim, eu fui contra, porque achava inseguro trocar de presidente no meio de um mandato democraticamente eleito, de modo legal e legítimo - e eu tinha seis anos!), não o sei; não sei sequer se se lembrará de mim, pois não foram poucos os discípulos brilhantes a quem teve o privilégio de conduzir. Não sei se passará por aqui, apondo seu "visto" em forma de rosto sorridente circunscrito por uma letra V em cursivo caprichado. Não sei. Sei apenas que cumpro minha palavra tal como a disse há tanto tempo: ao final daquele ano letivo, depois de abraçar a turma e emocionada, disse-lhe "nunca mais esquecerei da senhora". Eis a minha palavra, hoje cumprida publicamente.

* * *

Preciso homenagear também a duas pessoas que me ensinaram a difícil arte do amar; apesar dos trancos e barrancos a que passaram juntos (e dos gênios às vezes se atritatem até incinerarem a paciência), Papai e Mamãe completam hoje TRINTA E QUATRO anos de namoro! Que Deus abençoe essa união com alegrias mil. O primogênito, apesar de feio e chato, criou-se para o bem, e o caçula se encaminha para bom rumo, à glória de Deus e alegria do casal.


(alguma dúvida quanto a quem seja eu?)

Como cantaria Barney, o Dinossauro, "... amo você, você me ama, somos uma família feliz...".

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Tangente

Tangente
(Jáime Jandir da Porciúncula Peixoto)

Constrangeu-me pensares
que te olhava embevecido.
embora bela,
não te via!
Apenas lia,
distraído,
o poema na janela.

(da 17ª edição do programa "Poemas no Ônibus)

(com uma curiosidade: enquanto eu anotava esses versos, notei que havia uma adolescente muito bonita ao lugar abaixo do adesivo; quando terminei de copiá-los, seus olhos estavam fitos EM MIM! Fiquei todo errado. Foi divertido: senti-me flertado por conta da poesia! E há quem diga que Literatura não é romantico...)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Como escrever um TCC

"Livrai-nos do mal. Amém"

Peguei o metrô para ir a Sapucaia; uma e pouco da tarde, polenta ainda fazendo a digestão, vagão sacudindo, batata: peguei no sono. Foi pouquíssimo tempo, nem cinco minutos, mas foi o suficiente pra infestar de gente feia à minha volta. MUITA gente feia. O pior é que TODOS desceram comigo, na Estação Sapucaia. Pois é, talvez eu faça parte do grupo.

"As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental". Não é à-toa que Vinícius de Moraes é incensado.

Ainda que eu goste de corpos femininos, seria demais pedir um mínimo de cuidado às "musas" da minha geração? Pois é. Uma ex-namorada minha dizia que "tudo que é bagulho desce sempre em Sapucaia". Deve ser por isso que trabalho lá há cinco anos.

Ao chegar ao meu destino, subindo a escada-rolante, olhando para os degraus para não pisar em ninguém (escada-rolante que funcione no metrô é como ponta de arco-íris: a gente sabe que existe, mas nunca encontrou), contemplei um scarpin marrom bastantante elegante. Olho a mulher em cima deles: um derrière fenomenalmente grande, tão grande que nem tinha graça; fiquei com vergonha, voltei pro scarpin e me decepcionei: era de uma cor odre encardido, com uma tatuagem num cursivo horroroso, em que se lia "livrai-nos do mal. Amém". Que tristeza. Se a cor já era feia, o odor devia ser deletério, bem ao sabor dos Irmãos Karamazov.

Diria Niemeyer, "beleza também é função". Alguém se arrisca a contratiar?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Outubro: mês da pancadaria

There are thirty-nine books on my table. Não, não é aula de inglês nem exagero. Há hoje, literalmente, 39 livros sobre minha mesa. Desses, pela conta de vista, uns 10 têm mais de 1.000 páginas (e desses, 4 têm mais de 2.000 mil). Acho que só isso já expressa o título do post.

Correria com leituraS, trabalho de conclusão em andamento (depois de uma ziguezira enorme), trabalho para semana de pesquisa da universidade, provas da faculdade y otras cositas más. É a vida.

Mas eu vou vencer! Meu cronograma de atividades tem até um nome: Operação Vitória! E mesmo que faltem 92 para acabar o ano, 100 para o último dia acadêmico-letivo, 111 para a colação de grau e UM MÊS para ver o famígero trabalho final com forma e volume quase definidos, mesmo que hoje pareça um dia de outono, mesmo com o barulho de reforma de um apartamento me incomodando as leituras desde às 8 da matina e que eu precise relembrar os acordes de I’ve got you under my skin, mesmo assim, EU VENCEREI!

(Lair Ribeiro, aprende comigo e morre de inveja!)

E pra fechar a autopalestra motivacional (eu sei, autopalestra é feio que dói, mas foi a Reforma que mandou), uma música cafona que eu gosto e que eu nunca havia colocado aqui: Eye of the Tiger!



(um PS bem baixinho: devo um texto pra Lu sugerindo o que fazer enquanto o maridones viaja. Vou fazê-lo, prometo)