sábado, 4 de outubro de 2008

Passando pela Princesa


Estar em Pelotas, a Princesa do Sul, traz-me lembranças nostálgicas. O povo é por demais acolhedor, a vida tem outro pique e o português, outra conjugação.

Enquanto espero no barbeiro o momento de ser atendido, vou colocando em dia as coisas que só se vêem por aqui.

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Na Rodoviária

Desembarco na Rodoviária, um prédio de formato profissionalmente estranho, depois de três horas de genuína hibernação. No caminho para a bilheteria, uma menininha de sorriso maroto e suas três ou quatro primaveras joga seus cabelos ao ar e me ofusca os olhos com a alvura dos dentes miudinhos que lhe brotam da boca pequena. “Cosa linda”, diria meu avô. Valeu minha viagem.

Subo uma rampa espiralada e íngreme que dá para os guichês de venda de passagens. O infeliz que projetou o paradouro achava que aquilo ali facilitaria o acesso a quem está com malas de rodinha ou cadeiras de roda; é um abestado, mesmo! Sofri para subir a elevada, carregando apenas uma pasta e uma barriga! Até quando criança, macrocéfalo e esquelético, era complicado vencer a suba! Lembro do meu irmão a descer rolando, para desespero da minha mãe: “Misinho!”, dizia ela, enquanto nosso genitor dizia “vamo, vamo” e nos carregava qual um reboque de família em plena Briói.

Fui, vi e venci. Cheguei na bilheteria, comprei antecipadamente o regresso à capital dos gaúchos e fiquei “devendo” cinco centavos ao bilheteiro (disse eu “ou te devo uma moeda, ou eu te dou uma de cem”). Lucrei. Espero que, a despeito da minha economia, deixem-me tomar o refrigerante do frigobar do ônibus.

Para baixo, todo santo ajuda. Invoquei Santa Gravidade e roguei que não me atraísse a ela com seus implacáveis 9,81m/s². Antes, porém, de atacar o declive volteado, vi uma placa surreal: não se pode circular de bicicleta dentro do terminal rodoviário! Caramba! O que leva alguém a ir de bicicleta à Rodoviária? Seria, talvez, um modo de não precisar pagar estacionamento, dobrando a monareta e colocando-a na mala?

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Hora da bóia

Peguei um táxi e fui pra casa almoçar. O taxista me contou o panorama eleitoral, as preferências aos edis, recomendou-me um restaurante, contou quem ganhou o último turfe, reclamou de seu empregado que bateu o carro de trabalho e disse estar feliz pelo Xavante estar rumando à Série B do Brasileirão. Tudo isso em 10min.

Cheguei, larguei as coisas e roí algo com pai, mãe e cachorro. Embora não haja sido cozinhado por ela, o rango comprado na vizinha tinha cara de “feito por mãe”. Boa bóia.

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Navegar é preciso

Trabalhar é bom e o Lula agradece. Fui pro trabalho, carregando uma hipotensão básica após deglutir a panqueca de guisado. A reunião foi meio esquizofrênica, com várias falas altas, coisa e tal. Findos os trabalhos, encontrei meu irmão, comemos algo numa lancheria e fomos pra casa.

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Teletrabalho

Masquei um saco de amendoim comprado na rua, assisti um pouco de TV (propaganda política e o fim de uma sessão do STJ) e resolvi cochilar um pouco, pois queria escrivinhar um projeto que, se executado, será bem legal para mim e para meu trabalho.

Acostei-me acompanhado do jaguara, meu leal escudeiro. Acordei às 23h30min, com um bauru à minha frente e vozes altissonantes apregoando um “comi, guri”. Atendi ao imperativo, mas não dei conta de todo o lanche. Deixei pro pai arrematar.

Assisti um pedaço de Cold Case, em que contava a história de uns casais hippongas e um crime passional, e fui trabalhar. Entre redação, leitura e análise de documentos, as horas passaram e já eram 5 da matina. “Tá na hora de dormir / não espere mamãe mandar”.

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Dia da volta

Levantei tarde, em virtude do horário em que cerrei as pálpebras. 10h30min, saí de casa para mais um turno de labuta. No Gabinete do Diretor-Geral, conversei com “as gurias” e fui almoçar com...

(barbeiro chamou)

... com o meu amigo Erasmo Carlos, digo, Martin Brauch. Encontro agradável, sushi e lembranças juvenis.

Cafezinho, relax e corte de cabelo tomaram o resto do meu tempo. Uma barbearia “clássica”, com direito a um monte de homens falando do Campeonato Brasileiro e do Brasil de Pelotas indo para a Série B foi o local de tosa das melenas.

Tentei comprar, sem sucesso, uma camisa nova; não havia camisas com punho duplo à venda; talvez houvesse, mas o vendedor fez uma cara de tão perdido quando eu a pedi...! Para ter uma idéia, fui questionado se “esse tipo de camisa” seria de manga curta ou longa!

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Na pressão

Cheguei em casa, tomei café e aguardei meus pais para sairmos juntos, pois iríamos aproveitar o mesmo táxi. Como meus ascendentes são enrolados², quase que perco o transporte de volta. Cheguei cinco minutos antes da partida do autocarro.

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Chega. Até mais!

(imagem retirada de Câmera Viajante)

Um comentário:

Lúcia disse...

Ahhhhhhhhhh
Essa princesa!
É tão bom passear, né?
bjs