terça-feira, 28 de outubro de 2008

Desamor (+ comentário genérico)

Ainda creio no altruísmo. Uma prova fragorosa é a jovem Nayara, do famígero caso Eloá. Apenas situando o caso: Eloá e Nayara, ambas de aproximados 15 anos, foram feitas reféns por cem horas. A polícia desfaz o cativeiro e o pior ocorre: o carcereiro, ex-namorado de Eloá, desfere disparos de arma de fogo contra elas, ferindo Nayara no rosto e matando o antigo amor. Além de toda essa situação, que já havia discutido aqui, ocorreu algo que choca os brios de qualquer pessoa e em qualquer época: Nayara, que saíra do cativeiro antes de ser estourado pela autoridade policial, voltou para auxiliar no resgate da amiga, momento em que acabou sendo recapturada pelo algoz.

Duas coisas: uma amizade fala mais alto que qualquer segurança à própria vida. A menina provou que amava a companheira a ponto de oblatar o próprio sangue pela outra. Quão preciosa era tal amizade, mas, antes e maior que isso, quão preciosa jóia Nayara esconde em seu coração: o amor! É de São João Evangelista a afirmação “o perfeito amor lança fora o temor” (I Jo IV, 18). Cá está a primeira lição para nossa sociedade cada vez mais perdida nas procelas da vida: o amor estanca os princípios mais naturais (tais como a fome, o frio, o medo e a sobrevivência) porque o amor não é natural, mas divino! Não são minhas as palavras que seguem, mas de João, o apóstolo que, em sinal de amor, deitou a cabeça sobre o peito de Jesus: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (I Jo, IV, 7-8).

A segunda das coisas é o descaso da autoridade policial em deixar a menina, menor de idade, voltar ao cativeiro. Como pode isso? Para viajar ao Jardim Botânico, é necessária uma autorização expressa do responsável legal; para uma situação de perigo extremo, tal qual essa, a polícia pode sair por aí, pegando menininhas e mandando à boca do leão?

A menina não se amou, e isso é louvável; a polícia não amou a menina (nem ao menos formalmente respeitou a lei), e isso é condenável. Dois desprezos, dois pesos, duas medidas. De um lado, um gesto mais que nobre; de outro, uma imbecilidade que nem os mais incipientes cometeriam. Ambos os gestos me envergonham: seria eu capaz de voltar como Nayara voltou? E se eu fosse o chefe do caso, qual amor eu deixaria falar mais alto, à lei ou ao caso?

Sinuca de bico.

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Enquanto curto o Dia do Servidor Público em casa, com essa logorréia notória que me acometeu nos últimos dias (já cientificamente comprovada pelo Moacyr Scliar e postado pela minha amiga Lu Nikkel no Lucia in the Sky), vou ouvindo a rádio digital da NET. Adivinhem o que esteve tocando durante a redação do texto? Perfídia, Somewhere in Time, Love is Blue e Rhythm of the Rain! Dignos de irem pra seção Cafona, mas eu gosto!, deixarei para a próxima. Contudo, para quem gosta e quer ouvir agora, basta clicar no nome das músicas.

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Bom dia e boa sorte!

2 comentários:

Lúcia disse...

Bem que eu estava estranhando tantas postagens. Feriado é tão bom, né? Eu já estou saindo para o próximo turno... Abração e até amanhã!

Lúcia disse...

love is blue nao e cafona, mas é relíquia! poucos conhecem.bjux