sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Ases

Sempre há os grandes nomes das profissões. Na aviação militar, nos tempos das Grandes Guerras, os proeminentes pilotos eram chamados de ace. que significa vantagem. No fim das contas, quando Camões colocou para lermos, virou ás. Não interessando como se grafa, há ases em todas as profissões. Um dia, hei de ser ás em alguma coisa, nem que seja ás de copas.

Hoje, li sobre dois tipos de ases. O primeiro deles, aeronauta como os primeiros, porém labutando em vida civil. Teve um problema com sua andorinha de metal e resolveu brincar de pedalinho com um Airbus A320, um monstro, lançando-o a um laguinho pequetito. O maquinista é o cara. Seu coração deve haver batido como tarol de escola de samba pra colocar aquele trambolho voador como se fosse uma pedrinha numa poça d'água. O cavaleiro do século do aço fez questão de ser o último a tomar o resgate, garantindo a incolumidade da vida dos passageiros.

Mas também aconteceram coisas más com ases de ontem para hoje. O ônibus do Brasil de Pelotas tombou e feriu a delegação inteira. Que lástima. Grande jogador não é o que ganha rios de dinheiro para fazer piruetas com a bola; ídolo no futebol, para mim, é aquele que faz milagres com salário baixo e força de vontade. Lá na terra do time xavante, em que morei oito anos, há dois times principais e um terceiro, semi-principal, em que os jogadores, para poder manter suas famílias, precisavam completar a renda; como tinham pouca instrução e precisavam de um horário flexível, acabavam conseguindo emprego na empresa de ônibus do bairro. Esses, que precisavam treinar no campo do quartel, esses são os meus ídolos. Meu avô torcia para esse time e meu pai vendia rapadura no estádio que sedia a escrete, que cortava (e ainda corta) a própria grama para não gastar com jardinagem. Esses, sim, são os ases do esporte.

Eis bons exemplos. Em solidariedade, procurei a secretaria do time acidentado para colaborar. Digo-me do mesmo time do pai do meu pai mais para incomodá-lo, mas meu coração é de qualquer um dos três, contanto que trabalhem sério e que orgulhem o povo da Princesa do Sul, um dos ases da cultura desse país.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem me fale, Sami. Que tristeza tudo isto! Pelotas ficou muito sombria. Sabes que sou Áureo-Cerúleo, mas não pude ficar indiferente diante do sofrimento de toda a nossa cidade. Perda de vidas, perda de verdadeiros talentos, perdas irreparáveis. Não importa a cor da bandeira de cada um, o que importa é o seu valor. Me declaro enlutada com a cidade do teu pai. Não merecíamos essa dor! Que Deus conforte os familiares! Quanto a mim, torcerei pela recuperação do Xavante com toda a minha força e sinceridade. Que Deus dê conforto e saúde as famílias enlutadas! Beijo, filhooo!