quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O bom senso não passeia

É triste andar de ônibus e ver que as velhinhas não têm lugar para sentar, mesmo com assento preferencial. É desolador ver as grávidas batendo com seus barrigões nas barras do metrô. Choca ter de ver crianças escarrapachadas em lugares confortáveis em detrimento de pessoas lesionadas a sacolejar dentro do transporte público. Isso me faz duvidar da evolução humana.

Acho um absurdo cotizar lugares para idosos, gestantes e deficientes físicos. Precisamos fazer isso? Lugar para sentar não é como vestibular, que se passa por mérito; é chegar primeiro, é quase sorte. Acho um pavor separarmos bancos para esses grupos: se é óbvia a necessidade deles, por que as pessoas não cedem gentil e espontaneamente os seus bancos?

Andei por bom tempo acomodado no colo dos pais. Só quando meu peso começou a incomodar é que passei a ocupar um espaço “de gente grande”, e, mesmo assim, cedia-o a qualquer adulto. “Teu tempo chega”, eu ouvia.

Chegou o meu tempo. Continuo a ceder meu lugar. Ao metrô, sento-me, em inúmeros casos, no soalho do carro. Sim, eu pareço hippie, e daí? Gosto, até prefiro. Não atrapalho a ninguém e a ninguém constranjo a um esforço que quiçá não possa suportar. Só quem já esteve enjoado, com dor ou com cheio de livros no braço sabe o valor de um cantinho para se posicionar.

Sofro de dores pertinazes nas costas e nos braços. Uma dor punk, uma dor do mal, daquelas que não se importam em ter os dentes obturados a partir de brocas no nariz. Numa crise de lombalgia, estava com minha bengala (sim, eu estava de bengala, tamanha a crise!) e tive de viajar em pé, para que as beldades ranhentas ficassem majestosamente quedadas nos estupefacientes “lugares de aleijado”.

E assim se leva a vida. Pena que uns e outros não levam o bom senso quando passeiam nos caminhos da existência.

2 comentários:

Lúcia disse...

É falta de educação e educação se dá em casa! A culpa é dos pais! E tenho dito!

Anônimo disse...

Falô e tá falado, Lúcia. 101% certa. Beijooo Filhooo!