sábado, 27 de outubro de 2007

Procrastinação semi-acidental (ou, se preferirem, Logorréia claudicante)

Essa semana, vivenciei vários momentos postáveis. O problema? Eu os esqueci. Assim, sinto-me como quando se está a cair em sono, mas se quer continuar a conversa com alguém: fala-se algo, perde-se um pouco da conversa, dá-se umas cabeçadas.

Minha avó paterna conta uma experiência hilária: logo após a morte do meu avô paterno, minhas duas avós, que já eram amigas, passaram a andar muito juntas; certo dia de calor, instantes após o almoço, elas sentaram no sofá para conversar. Vó Eva, a avó materna, fala devagar e repetitivamente, sendo tão prolixa quanto o professor da palestra inicial do Salão da PUCRS, fazendo com que Vó Maria pegue no sono; Dona Eva, a tagarela, nem nota. De repente, no meio do discurso da conversadora, a outra acorda num pulo, perguntando “e por que a senhora não põe mercúrio?”; notando a mancada, convidou a amiga para tomarem café.

Acho que estou assim: meio adormecido, mas com a séria possibilidade de dar uma cabeçada. Alguém puxa conversa?

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Enquanto isso, a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras, por alcunha CMPF, está por aí, rolando solta. Essa foi a primeira contribuição que entendi como se pagava, lá em 1215, quando assinaram a Magna Charta. À época, era 0,25% de valores movimentados em conta bancária. A única coisa que não me explicaram é quanto tempo um provisório se mantém como provisório.

Parece as engendrações que minha família fazia: caiu um pé de armário, lascou uma porta, rasgou um papel? Enjambra aí que é provisório.

Provisória era a cozinha que mamãe comprou. Feita de uma madeira que nem pra fogo vale, foi adquirida numa loja de turcos na zona norte de Porto Alegre, um ano antes do meu irmão nascer. Sem exagero, meu irmão está próximo da maioridade.

É provisório.

Piores são os modos medievais como minha avó (a tagarela que fala baixinho) conserta a dentadura. Depois que o protético dela morreu de velho, ela mesma cola e endireita os dentes, com a famosa Super Bonder. Acho que não preciso falar mais nada.

É por pouco tempo.

Nunca tive uma mesa de trabalho arrumada. Só atualmente, no trabalho, consigo enxergar o tampo da escrivaninha. Livros, correspondências, pão do café, chave, óculos, carteira, documentos, e mais livros, e mais correspondências, e assim vai. Ninguém acredita, mas para encontrar o monitor, certa vez, tive de guardar coisas por meia hora. Meu argumento para deixar assim?

Em breve, darei um jeito.

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Acho que o governo e a imprensa, assim como eu, está a sofrer de uma logorréia claudicante. Não sabe se fala, se não fala, quando vai falar. Logo, logo, tudo se ajeitará. Será?

Saúde, força e união!

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