domingo, 21 de outubro de 2007

Companheira de longa data

Se cefaléia fosse uma pessoa, certamente ela seria uma das minhas companheiras mais antigas. Lembro-me de sentir muitas dores de cabeça desde bem pequeno, com todos os tipos de explicações dadas pelos semi-médicos da família: muita leitura, música alta, olhar televisão muito próximo à tela, jogar videogame, sinusite, rinite, cistite, pancreatite e qualquer outra coisa com “ite” e que possa doer.

Não interessando o motivo, sei que ando sofrendo, cada vez mais, com os famígeros mal-estares. Laterais, anteriores, posteriores, fortes, fracas, curtas, longas, que causam náusea, que causam tontura, que fazem enxergar o mundo como se fosse uma bata de hippie, dessas espécies, eu já tive todas; nihil obstat, conheci várias outras, inclusive as motivadas pelas conhecidas pancadas: de bola, de cotovelo, de janela ou apenas de um belo sapataço arremessado pelo desgraçado do meu irmão.

Estou um pouco preocupado comigo mesmo. Ando sofrendo espasmos musculares, principalmente na face. Li numa filipeta que ambos os sintomas podem ser reflexo de problemas neurológicos. Quanto tempo será que eu ainda tenho de vida?

Agradeço a preocupação das pessoas à minha volta, em especial àqueles que me fizeram receber o papelzinho informativo que pode pré-diagnosticar minha causa mortis, gentilmente colocado na minha caixinha de correio pelo primo do irmão da cunhada do porteiro do edifício em que trabalha a afilhada da cozinheira da esposa de um colega de futebol do vizinho do apartamento 406. Além dos sintomas, a tira vegetal tem uma caveira estampada, oferecendo-me um formidável plano de assistência mortuária. Bom, ao menos um alívio: caso eu suba pro telhado, eu paro de ser acometido pelas dores de cabeça e ainda já sei que estabelecimento cuidará de minha carcaça. Mas vejam só o que é a vida: pagar meu funeral dará uma dor de cabeça...

Força, união e saúde (que me está fazendo uma falta...)!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, Sami!

Não se preocupe com seu desencarnamento, mas com as boas obras que realizará em vida, outrossim, com seu aprimoramento espiritual.

DEUS lhe concedeu o dom da escrita.

Seu textos estão ótimos!

Até sempre,

Assinoê