terça-feira, 9 de outubro de 2007

Alea jacta est!

Quando o escritor não é dotado de uma verve sincera, precisa encontrar um argumento a escrever, um estímulo a pegar a pena. É o meu caso: acho linda a arte de bem redigir, mas quando a necessidade bate à porta, tomo-me de uma angústia, de um aperto no peito que me sufoca. Às vezes, é isso mesmo que me acontece: uma certa pressão na caixa torácica. Admito que escrevo melhor que a média nacional, que sequer escreve, mas quando faço os olhos lerem o fruto do meu penoso trabalho, bate o desespero: como fico insatisfeito comigo mesmo!

Lembrar das aulas de redação me faz encabular. Acho que minhas desculpas eram mais criativas que os contos que a professora nos fazia escrever. Não que eu não tenha posições formadas, mas formá-las no papel é por demais complicado para mim. Era (e ainda é) como se eu realizasse uma extrusão de idéias, forçando-as por uma ponteira e fazendo-as sair de maneira muito limitada; porém, parece que não consigo fechar bem, tomar o assunto por completo, criar uma esfera envolvente. Para piorar, há vezes que o assunto não vem... Aí, meu amigo, haja coração!

Sempre pensei que seria engenheiro, contador, bancário ou trocador de ônibus. Quis o Supremo que eu não trabalhasse com números, mas com as letras. Cá estou, forçando-me a escrever, assim como se força a alfabetização de um pequenino; talvez seja assim mesmo que eu me sinta: sou um menino que ainda gosta da pandorga colorida, voadora no céu do pensamento, mas que precisa aprender a pôr no papel o mundo que o rodeia, segundo as normas chatas da semântica, criadas por adultos sem o menor senso de humor. E enquanto me vou adequando às regras do velho e antipático vernáculo, vou sonhando com uma rabiola de conversas bem alegres, num fio de imaginação bem longo, refestelando ao vento da imaginação e reluzindo no sol primaveril a minha pipa de liberdade, descomprometida dos formalismos a que nos condicionamos à comunicação escrita.

E de que seria feito esse meu papagaio? Essa é a grande dúvida. Sobre qual assunto eu poderia digredir, voar longamente, fugir às alturas? Nem eu sei. Acho que quero apenas poder pensar na possibilidade de voar. Alguém pode me ajudar a encontrar um tema para papear? Alea jacta est!

Saúde, força e união!

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Sami!

O texto está ótimo, você tem o dom da escrita meu caro amigo.

Que DEUS o ilumine sempre.

Parabéns pelo blog!

Até sempre,

Assinoê

Anônimo disse...

Ihhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh