quinta-feira, 15 de maio de 2008

Medalha de quê?

Ainda creio na boa-vontade do ser humano. Definitivamente, acho que não me amo.

Ao ler a resenha da legislação de hoje, vi a publicação do Decreto nº 6.457, de 14.5.2008, que cria a Medalha “120 Anos da Sanção da Lei Áurea”. Tal distinção, que deverá ser concedida em solenidade pelo Ministro de Estado Chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República a entidades e personalidades, brasileiros e estrangeiros, que tenham desempenhado papel relevante na implementação de ações de inclusão social, combate ao racismo e de promoção da igualdade racial, choca-me por todos os vieses possíveis: um dinheiro mal gasto num “Ministério” (que promove a igualdade racial hipervalorizando uma cultura negra sem muitas raízes) a pessoas que promovam “inclusão”. Peraí: “fazer inclusão” não é excluir para supostamente incluir?

Sei lá; fechar os olhos é hipocrisia, mas querer fazer alguma coisa é paternalismo! Nesse intuito – bonitinho, mas ordinário – meus parcos recursos se vão para medalhar meia dúzia de pessoas que valorizam parcela do povo!

Se alguém for medalhado porque promoveu a inclusão de alemães, italianos ou até dos afegãos, que fugiram para cá por causa das guerras, vou a Brasília para assistir. Prometo. Agora, não me venham com o papo de que os negros são pobres, insipientes e coitados: será que esse pensamento não é uma aula de “jeitinho”, como disse o Ministro Joaquim Barbosa (que é negro, de família humilde e um dos membros da mais alta corte do país) a um colega de corte que queria fazer um pequeno ajuste em julgamento?

Para quem duvida da existência do Decreto, leia-o aqui. Ganhará uma medalha quem o ler: a da Boa-Vontade (afinal, quem mais daria um tostão para um governo que gasta seu tempo e seus recursos com isso? Só uma alma caridosa, como a sua e a minha, eu acho!).

Saúde, força e união!

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